No final daquele dia ocupou o mesmo lugar de sempre na sua sala solitária. Tudo o que havia era silêncio. O sol, que se tinha escondido nos últimos dias, brilhava. Na rua, uma imensidão de oportunidades. Estava tudo no percurso certo, a Primavera começava a despertar... Olhou em volta. Apesar de todos os móveis ainda existiam muitos espaços vazios, sobretudo no seu coração. Nela não existia tristeza ou arrependimento, mas o suspiro começava a tornar-se pesado... Questionava-se insistentemente sobre quais os motivos que a teriam levado a revelar-lhe parte da sua vida e até que ponto não estava arrependida de o ter feito.
O fingimento da fuga
Aproveita a areia da praia a introduz a cabeça da areia, tal e qual uma avestruz.
Aproveita e escava um túnel bem profundo, de onde jamais possas sair, acomoda-te, aproveita o silêncio e a escuridão. Apenas assim te será permitida uma fuga, porque ninguém terá vontade de te seguir, no entanto, não esqueças: O que sentimos no peito (e na mente) permanece connosco, e não dá lugar ao fingimento, por isso, continua de cabeça enterrada na areia, com o corpo submerso no túnel escuro... Finge a felicidade, o sorriso e a luz, vive do fingimento dos dias em que acreditas...
Se quiseres, empresto-te uma lanterna!
Para a Fábrica de Letras
Comentários