Estilhaços

Quando algo se quebra, podemos tapar o sol com a peneira e optar por viver no silêncio dos dias, como se nada mais importasse, no entanto o balão, de muito cheio, pode estoirar e quando isso acontece os estilhaços cortam-nos a alma e a voz... Choramos, lavamos a alma, mas o sentimento e a solidão tornam-se permanentes matando-nos aos poucos, a cada respirar...
Um dia, quando era pequena, julgava que os grandes não choravam, cresci a pensar e a acreditar piamente no meu erro: os grandes choram, choram sempre mais que as crianças... Choram mais e falam menos... A dor permanece no silêncio e o olhar pode ser triste, magoado... O mundo pode tornar-se um lugar estanho... Pode-se perder o sentido...
Ainda tenho o meu traço, pouco firme e pouco vincado, no entanto, é o rumo que quero seguir... Vou com cuidado, para que não fique com mais feridas (ainda que sejam exteriores, ainda que se vejam apenas nos pés), o caminhar terá que ser, de hoje em diante, cauteloso... Já sou grande e os grandes, ao contrário do que julguei enquanto criança, também quebram e os estilhaços podem ser tão mínimos que o resultado final, ainda que colado à pressão, jamais será o mesmo...!

Para mim...
Para o meu avô que eu julguei não saber chorar...

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